sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sade fiel ao seu estilo de ser

O tempo não passou para a música de Helen Folasade Adu, de 51 anos, e seu grupo. Repertório e sonoridade de "Soldier of love" (Sony), sexto disco de estúdio de Sade, bisam a fórmula do anterior, "Lovers rock", lançado há dez anos, e que também pouco diferia dos anteriores. Algo que se repete desde a estreia da banda, há 26 anos, com o ainda brilhante "Diamond life".

Minimalistas, Sade Adu (voz e programações), Stuart Matthewman (guitarra, sax e programações), Andrew Hale (teclados e programações) e Paul S Denman (baixo) - com vocais e instrumentos de apoio, de percussão a sopros e cordas - trabalham com células rítmicas repetitivas, que criam uma sensação de transe. Nas primeiras audições, tudo se parece, como uma música impessoal, que pouco incomoda e tampouco cativa. Mas, com as caixas de som (ou os fones de ouvido) no volume adequado, detalhes afloram e, aos poucos, os desenhos melódicos se impõem.

Na abertura do disco, "The moon and the sky" confirma o descrito nos parágrafos acima e soa como um pastiche do grupo, abusando de seus ingredientes básicos: uma guitarra chorosa introduz a melodia, acompanhada por cordas, e logo bateria e baixo imprimem a pulsação hipnótica que sustenta o canto melancólico de Sade. A letra, como quase todas da cantora, é na primeira pessoa, e tanto se dirige ao ser amado quanto aos ouvintes, anunciando o que irão experimentar pelos próximos 40 minutos: "Você sempre saberá a razão porque a canção que ouve permanecerá na sua mente não deixará você partir, não porque você é a lua e eu, o céu sem fim".

Felizmente, como a faixa-título mostra a seguir, um céu sem fim mas com diversos matizes. "Soldier of love", fiel a seu nome, tem batida marcial, bateria e baixo que mantêm pesada pulsação, comentada por sutis intervenções de guitarra e teclados, enquanto a solitária "soldada do amor" persiste em sua missão: "Perdi o uso de meu coração. Estou na fronteira de minha fé na borda de minha devoção na linha de frente dessa minha batalha mas ainda vivo. Espero pelo som sei que o amor virá".

A balada seguinte, "Morning bird", é a mais melancólica do disco, soa como uma ária, com seu instrumental austero violino, violoncelo, piano acústico e percussão e a bela voz de Sade. A partir daí, do fundo do poço, as sete faixas seguintes alternam apelo rítmico - "Babyfather", a quase country "Be that easy", "Skin" e mais leseira "In another time" e "The safest place". O suficiente para manter a classuda Sade Adu em campo seguro por mais alguns anos.

BY: Margareth (Mag)

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